Exploração Arqueológica na Alameda Padre Manuel Dias da Silva
Exploração Arqueológica na Alameda Padre Manuel Dias da Silva
O 7 Sentidos visitou as escavações arqueológicas na Alameda Padre Manuel Dias da Silva e falou com os arqueólogos.
Os trabalhos arqueológicos começaram em novembro, em prol da requalificação da Alameda Padre Manuel Dias da Silva, onde, inicialmente, os arqueólogos já suspeitavam existir de uma antiga igreja documentada desde o século XII.
Sendo assim, foi exigido o acompanhamento arqueológico, que contava com o registo da estratigrafia das camadas de terra e a interpretação e preservação dos materiais, que encontrassem ao longo da obra.
Com o decurso da obra, foram aparecendo restos estruturais da antiga igreja que se estima ter tido 25m de comprimento e cerca de 9m de largura.
"[...] uma igreja com crescentes evoluções por vários séculos, e logo a seguir chegou-se à conclusão que era necessário fazer uma nova igreja, pois esta era demasiado pequena para os fies que aqui estavam."
Gabriel Pereira, arqueólogo responsável pelo trabalho da NEXO
A partir do século XIX, a igreja encontrada começou a ser pequena para os fiéis. Procedeu-se assim, à demolição desta, construindo a atual, que ficou concluída em 1918.
Neste trabalho, foram encontrando restos de paredes da antiga igreja, um exemplo visto no local é um muro que dividia a propriedade da igreja com as outras propriedades alheias.
No adro, espaço externo desta antiga igreja, eram realizados enterramentos, daí terem sido identificados nessa zona. Alguns desses enterramentos foram escavados, donde retiraram 3 sepulturas, duas delas com o esqueleto inteiro, sendo estas duas senhoras. Os materiais descobertos parecem indicar um enterramento do século XVII - XVIII.
"Daqui já não vamos fazer mais nada em termos de escavação, onde existe certamente mais esqueletos [...] porque a obra não vai destruir mais nada, portanto vamos conservar os restos dos vestígios que aqui estão. "
Gabriel Pereira, arqueólogo responsável pelo trabalho da NEXO
Os esqueletos e outros artefactos encontrados, como fragmentos cerâmicos, vão ser estudados, sendo mais tarde, apresentados numa exposição. Exposição esta que será temporária e lançada em agosto, na fase termina da obra. Para além deste tipo de trabalhos, vão ser, ainda, apresentados "alguns elementos documentais, da parte da história da antiga igreja e da atual, que deu origem a este centenário de 1918 a 2018.", esclareceu Gabriel Pereira.
A descoberta de fragmentos cerâmicos manuais com mais de 3 mil anos, foi a descoberta mais recente desta escavação e, consequentemente, a de maior realce. Isto comprova a presença de antigos povos em Cortegaça, entre a Idade do Bronze e a Idade do Ferro, povos estes que estavam num local contraditório à época, pois na altura não se fixavam em zonas costeiras.
Alguns desses fragmentos remetem para o uso de redes de pesca, pois alguns poderiam ser os seus pesos.
Texto: Pedro M. Almeida
Imagens: João Lino e NEXO